CIRURGIA DE FRATURAS DE COSTELAS

Antes de tudo, é importante entender que a fratura de costela é uma lesão muito comum, especialmente em decorrência de acidentes de trânsito ou quedas. E, por mais que pareça simples, essa lesão pode ser bem dolorosa, incapacitante e comprometer a respiração do paciente.

Mas, afinal, quando é preciso fazer uma cirurgia para corrigir fraturas de costela? Por muito tempo este foi um tema controverso onde cirurgiões buscaram compreender as indicações e principalmente qual seria a melhor forma de realizar o reparo.

Hoje, após inúmeros estudos, já compreendemos claramente as indicações para esta cirurgia, no entanto, ainda hoje, apesar de possuirmos diversos tipos de placas, hastes e fios diferentes, com os quais podemos reparar as fraturas, ainda buscamos dispositivos que permitam técnicas ainda menos invasivas.

Cabe salientar que fraturas de costelas, mesmo que alinhadas, demoram muito para cicatrizarem. Isso se deve ao fato da impossibilidade de imobilizar uma costela e a cada respiração mais profunda, tosse, suspiro ou espirro, há um tensionamento na área da fratura, levando a dor e certo retardo da formação do calo ósseo.

A maioria dos trabalhos mostra que o tempo para cicatrização de fraturas simples gira em torno de 3 meses. Quando estamos falando de fraturas completas, e principalmente, fraturas com desvio das extremidades da linha de fratura, este tempo é ainda maior, girando em torno de 6 meses.

Em geral, a cirurgia é indicada nos seguintes casos:

Tórax Instável:

quando há fraturas que separam segmentos de costela sequencialmente, geralmente de 3 ou mais costelas, este bloco de segmentos se comporta inversamente ao restante da caixa torácica, ou seja, quando se inspira o bloco vai para dentro do tórax e quando se expira para fora.

Isso acaba gerando, além da dor, falência respiratória, geralmente levando o paciente a necessitar de internação hospitalar e por vezes de suporte ventilatório. Até um tempo atrás alguns destes pacientes eram entubados e assim permaneciam até estabilização das fraturas.

Atualmente os trabalhos demonstram larga vantagem da cirurgia nestes pacientes, com menor tempo de internação, menor tempo de internação em UTI, menor necessidade de traqueostomias, menor número de pneumonias entre outras vantagens.

Fraturas sequenciais desalinhadas:

Outro grupo de fraturas com indicação cirúrgica estabelecida é quando há 3 costelas quebradas em sequência e com as pontas das fraturas desencontradas.

 

Os trabalhos mostram que estes pacientes tem uma recuperação muito mais rápida e volta mais precoce às atividades quando submetidos a cirurgia quando comparados aos pacientes mantidos em tratamento conservador (somente com repouso e analgésicos).

Dor crônica ou persistente:

Pacientes que sofreram fraturas de costela há mais de 6 meses e que persistem com dor após este período tem indicação de cirurgia. Neste grupo é muito comum encontrar doentes necessitando usar medicações opioides, que geram vício, levando a um problema social importante.

Geralmente estes pacientes sofreram fraturas completas e com desvio onde o calo ósseo não se formou (pseudoartrose) ou as estruturas não se fusionaram adequadamente.

Nestes pacientes a cirurgia de resgate traz alívio e retorno às atividades e o abandono de medicações após a recuperação.

Por vezes indicamos cirurgias em casos que fogem à estas regras, pois a intensidade da dor, a idade, o nível de atividades ou trabalho varia de paciente para paciente e de fratura para fratura.

Por vezes, por exemplo, apesar de um idoso não ter um nível de atividades muito relevante, a intensidade da dor e a má qualidade da cicatrização óssea levam a indicação cirúrgica, pois uma pneumonia secundária à dor e impossibilidade de tossir é mais deletéria ao paciente que a cirurgia.

É importante lembrar que a cirurgia para fraturas de costela não é a primeira opção de tratamento geralmente. Por isso, é fundamental consultar com Cirurgião Torácico com expertise no tratamento cirúrgico das fraturas de costelas para entender se há indicação cirúrgica.